Vida de Santidade

Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 2016

“Cristo manifesta plenamente o homem ao próprio homem e lhe descobre sua altíssima vocação.” (GS 22,1)

O caminho de santidade passa pela cruz (CIC § 2015). Não existe santidade sem renúncia e sem combate espiritual (cf. 2Tm 4,4). Aquele que sobe jamais cessa de desejar aquilo que já conhece (S. Gregório de Nissa)

O homem foi criado por Deus para a bem-aventurança: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8). Deus nos colocou no mundo para conhecê-lo e amá-lo e, assim, chegar ao paraíso.

Apesar desse caminho que Deus nos “sugere” no momento da criação, Ele não nos obriga a segui-lo e obedecê-lo como vemos no livro do Eclesiástico 15,14 que “Deus deixou o homem nas mãos de sua própria decisão” para que ele mesmo pudesse procurar o seu criador e, assim, chegar à plena e feliz perfeição. Essa liberdade comporta a possibilidade de escolher entre o bem e o mal. Quanto mais se pratica o bem, mais a pessoa se torna livre e não há liberdade verdadeira sem a prática do bem e a vivência da justiça. Sabendo que o homem é inclinado ao pecado e quando não se tem uma vida de oração, ascese, crescimento da virtude não se consegue ter o domínio da vontade sobre seus atos.

Antes de entrarmos nos pecados vale ressaltar:
  •          Nunca é permitido praticar um mal para que daí resulte um bem;
  •       A “regra de ouro”: “Tudo aquilo que quereis que s homens vos façam, fazei-o vós a eles” (Mt. 7,12)
  •    A caridade respeita sempre o próximo e sua consciência: “Pecando contra vossos irmãos e ferindo sua consciência... pecais contra Cristo” (1Cor 8,12). “É bom se abster... de tudo que seja causa de tropeço, de queda ou enfraquecimento para teu irmão” (Rm 14,21)

O que é pecado? A definição do CIC § 1849 diz que “O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo...”. Sabemos que o pecado é uma ofensa a Deus como podemos ver no trecho do Salmo 50,6 “Só contra vós pequei e pratiquei o que é mal aos vossos olhos”. O pecado, meus amigos, vai contra o amor de Deus, é um demasiado amor próprio e um desprezo de Deus (Sto. Agostinho).

Podemos diferenciar a gravidade dos pecados em mortal e venial. O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem por uma infração grave a lei de Deus (cf. CIC § 1855), ou seja, os Mandamentos. O pecado venial, por sua vez, deixa subsistir a caridade, embora a ofenda e fira (cf. CIC § 1855).

A Igreja nos ensina que para ser considerado pecado mortal é necessário três condições: Matéria grave (os Mandamentos: Amar a Deus sobre todas as coisas, não tomar seu Santo nome em vão, guardar domingos e festas, honrar pai e mãe, não matar, não pecar contra a castidade, não furtar, não levantar falso testemunho, não desejar a mulher do próximo e não cobiçar as coisas alheias), pleno conhecimento e consentimento. Pecado contra o Espírito Santo (cf. CIC § 1864).

Sabemos que o pecado é um ato pessoal. Além disso, temos responsabilidade nos pecados cometidos por outros, quando neles cooperamos:

  • ·         Participando direta e voluntariamente;
  • ·         Mandando, aconselhando, louvando ou aprovando esses pecados;
  • ·         Não os revelando ou não os impedindo, quando a isso somos obrigados;
  • ·         Protegendo os que fazem o mal.

Assim, o pecado torna os homens cúmplices uns dos outros, faz reinar entre eles a concupiscência, a violência e a injustiça (cf. CIC § 1868-1869)

Chamados à felicidade, mas ferido pelo pecado, o homem tem necessidade da salvação de Deus. O socorro divino lhe é dado, em Cristo, pela lei que o dirige e na graça que o sustenta (cf. CIC §1949):

Trabalhai para a vossa salvação com temor e tremor, pois é Deus quem, segundo a sua vontade, realiza em vós o querer e o fazer (Fl 2,12-13).

Deus, rico em Misericórdia, nos envia a graça do Espírito Santo que tem o poder de nos justificar, isto é, purificar-nos de nossos pecados e comunicar-nos “a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo” (Rm 3,22) e pelo batismo (Rm 6,3-4).

“Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade” (cf. LG 40). Todos são chamados à santidade: “Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (cf. Mt 5,48). Temos o exemplo de são Paulo quando diz: “Eu vivo, mas não eu; é Cristo que vive em mim” (cf. Gl 2,20).

Devemos ter a consciência de que para alcançar a perfeição passaremos pela cruz e que não existe santidade sem renúncia e combate espiritual (cf. CIC § 2015).


Não podemos esquecer da Virgem Maria, que sendo nossa Mãe sempre nos auxilia e nos protege dos perigos e nos ampara nos momentos de quedas. Por isso peçamos sempre sua intercessão e de todos os santos, eles que no dia-a-dia da vida ofereceram suas dores e alegrias ao próprio Cristo, para que um dia possamos alcançar a santidade e, assim, contemplar a face de Deus que é rico em Misericórdia. 

Pastoral da Comunicação 

Paróquia Sagrada Família

Fundada em 2012, a Pastoral da Comunicação tem como objetivo, não simplesmente, produzir e emitir informações, mas sim de formar a consciência dos fiéis na fé católica.