Novos Presbíteros para a Igreja

A Arquidiocese do Rio de Janeiro ganhará seis novos sacerdotes que serão ordenados pela imposição das mãos do Cardeal Orani João Tempesta, na Catedral de São Sebastião, no dia 7 de novembro, às 8h30. Inspirados no versículo 6 do capítulo 17 do Evangelho de São João “Manifestei o teu nome aos homens”, os jovens candidatos respondem ‘sim’ ao chamado de Deus para anunciar Seu amor entre as nações.

Bruno Vianna Citelli
Paróquia de origem: Anunciação a Nossa Senhora, no Riachuelo; Paróquia de trabalho pastoral: Santa Teresa de Jesus, em Coelho Neto

“Minha vocação surgiu durante a preparação para receber o sacramento do Crisma. Na caminhada com outros jovens, tive melhor oportunidade de conhecer a fé da Igreja Católica para que, de fato, o que eu fazia na paróquia tivesse mais sentido e, a partir dos encontros de formação, comecei a me questionar. Esses questionamentos só foram respondidos de maneira plena quando ingressei no seminário, em 2008.

A certeza do chamado, só teremos quando o bispo impuser as mãos sobre as nossas cabeças. Talvez só haja uma resposta definitiva quando estivermos frente a frente com Cristo e Ele confirmar nossa vocação. Mas a cada dia tenho mais claro que, de fato, seguir a Jesus Cristo, amar a Igreja acima de tudo vale a pena e, mais do que isso, não amar por mim mesmo, mas mostrar àqueles que me são confiados o verdadeiro amor que Cristo tem por cada um de nós.

Deixar tudo e seguir Jesus é sempre um processo doloroso porque deixamos nossa área de conforto e aquilo que temos para ir ao encontro dele. Antes de entrar no seminário, não pensamos na dimensão da cruz. Se tem uma passagem que me marcou desde a minha entrada é: ‘Quem quiser me seguir, tome sua cruz e me siga’. Esse processo radical da cruz também deve ser para todos aqueles que querem deixar aquilo que é seu e pertencer por completo a Cristo.

Entrei no seminário muito jovem, aos 18 anos, e agora, me aproximando da ordenação sacerdotal, tenho 27 anos. Aos 18 anos, ainda temos muitas coisas a serem amadurecidas, somos forçados a sair de nós mesmos e ir ao encontro de Cristo. Ir ao encontro de Cristo requer renúncias, e a Igreja está aí para nos mostrar esse caminho da renúncia e de cruz.

Gabriel de Moraes Coelho
Paróquia de origem: São Sebastião, em Indaiá, Petrópolis; Paróquia de trabalho pastoral: Ressurreição, em Ipanema

“Minha vocação surgiu quando eu fazia o encontro de jovens em Petrópolis, no ano 2000. A partir daí, me encantei mais pela vida da Igreja, pelas coisas de Deus e, dessa forma, me permiti ouvir e fazer o que Cristo queria para mim. Em 2001, ingressei no Exército e estudei Jornalismo, ao mesmo tempo em que era coordenador do grupo jovem e catequista no próprio batalhão. Com todo o serviço de evangelização, senti o despertar da vocação.

É um ‘sim’ que a gente responde com temor, com medo, mas com a certeza da segurança da Providência Divina. Neste ano, Se não fosse pela misericórdia de dele, seria difícil dizer sim e, mais ainda do que dizer sim, se sentir chamado, vocacionado.

Quando deixei tudo para seguir a vocação, eu trabalhava no Ministério da Ciência e Tecnologia, namorava e era coordenador na paróquia. Abri mão de tudo. Mas a parte mais difícil foi voltar a ser dependente dos meus pais, já que desde os 18 anos eu mesmo pagava as minhas contas. Porém, Deus nunca me deixou faltar nada, sempre providenciou tudo aquilo que era necessário até agora, na reta final.

Estou me preparando para ser um pastor de almas, isto é o que mais pesa no coração. Muitos perguntam se está tudo pronto para ordenação, acho que a preocupação com o que vai acontecer na Catedral, é claro que isso é o cume, mas o que preocupa é o pós. Para onde seremos destinados, o povo, essas almas dais quais vamos ser pastores e que teremos a missão de levar para Deus. Para mim, isto é o que mais preocupa: pensar no quanto as pessoas apostam na gente e, ao mesmo tempo, ter algo a levar para elas. Quando me perguntam o por quê de ser padre, sempre respondo que o meu desejo é levar às pessoas aquilo que um dia eu recebi dos sacerdotes, dos meus catequistas, dos meus coordenadores. Levar o amor de Deus, a misericórdia de Deus a todas essas pessoas.”

Jefry Roger Rivas Arancibia
Paróquia de origem: São Jerônimo, na Nicarágua; Paróquia de trabalho pastoral: São Sebastião, de Vargem Grande

“Sou da Nicarágua, vim ao Brasil para fazer mestrado em Economia e trabalhava com pesquisas econômicas. Neste processo, me aproximei bastante da Igreja Católica. Nunca deixei de ser católico, minha família é católica, mas durante o tempo de faculdade a gente se distancia de religião. Aqui no Brasil, tive mais aproximação com a Igreja, com os trabalhos pastorais e tantas coisas. Me questionava sobre como seria estar mais perto de Jesus, e sempre me senti impelido por aquelas palavras do Evangelho em que Jesus chamava o jovem rico a deixar tudo e a segui-lo. Sempre que meditava nesta passagem, me questionava e me sentia inquieto.

Não existe fórmula para dizer se você tem ou não vocação. As pessoas, muitas vezes, até fantasiam isso. Mas o meu chamado, e a certeza dele, é a inquietação a qual me fez ir atrás de respostas. Mesmo assim, certeza do chamado a gente não tem, mas acredito na amizade com Jesus Cristo e é isso o que me motiva, que me leva e me impulsiona a seguir nessa caminhada.

Esse processo de abandonar tudo para seguir a vocação sacerdotal no principio, para mim, foi muito difícil, porque eu era formado, já trabalhava e tinha um futuro promissor. No início, me questionei muito sobre isso. Acho que também é um aprendizado em que você vai amadurecendo, vai se aprofundando. É uma caminhada; na verdade, é todo um processo formativo. Ao passar pelo seminário, a gente se encontra com diversas pessoas de muitos tipos, de todas as formas de pensar. Isso é como uma antecipação para você estar sempre inclinado ao convívio com os homens.

Seria muito pretensioso dizer que estou preparado para ser pastor de almas. Mas todos nós desejamos nos configurar com Cristo. Gosto muito de uma frase de Santo Agostinho que diz: ‘A nossa alma só está tranquila quando repousa em Cristo’. A gente se relaciona com Cristo, tem uma amizade com Ele e, por isso, tentamos colocar em prática todos os ensinamentos, o que será a nossa função dentro do mundo. Cristo nos chama para segui-lo, mas, ao mesmo tempo, para aqueles que querem seguir mais de perto, é só colocar em prática tudo aquilo que nos foi ensinado. Todo cristão também é chamado a fazer isso, só que uns mais de perto e outros, talvez, nas demais situações de vida. Seguir a Cristo é ter uma amizade com Ele, ter essa amizade que leva você a anunciar aos outros aquilo que recebeu. Minha vocação me alegra, pois me sinto amado por Deus, chamado por Jesus Cristo e, essa alegria que um dia chegou em minha vida, quero partilhar e passar para as pessoas.”

Renato Teixeira de Britto
Paróquia de origem: São Benedito, em Santa Cruz; Paróquia de trabalho pastoral: São Geraldo, em Olaria.

“Minha vocação surgiu quando eu ainda era criança. Venho de uma família muito católica, rezávamos juntos o terço e, desde pequeno, sempre tive vontade de me consagrar, de ser sacerdote. Ainda nem fazia ideia do significado da vocação, mas era daquelas crianças que gostavam de brincar de missa. Depois disso, cresci e deixei de lado esse projeto. Quando chegou a época do vestibular, não me identifiquei com quase nada, porque meu coração sempre bateu mais forte para o sacerdócio. Conversei com minha mãe e com o padre; em seguida, ingressei no seminário. Assim começou esse trajeto vocacional na minha vida.

Deixar tudo foi muito mais difícil para minha família, que eu acho que chorou muito mais, pois sempre fomos muito unidos, apesar das atividades do dia a dia que não nos permitiam estarmos todos junto. Minha mãe chorou durante um mês e meio, no período em que eu estava fazendo os encontros vocacionais, mas para mim era uma alegria ir, começar os encontros, depois começar no seminário, porque eu estava me sentindo completo, realizado pela minha vocação.

O relacionamento com os seminaristas e com os formadores é interessante, porque é como uma família que se forma. Às vezes tem briga, outras vezes fica tudo bem tranquilo. Sou de uma família muito grande, então eu já estava acostumado, não foi estranho estar junto de muitas pessoas. O tipo de relacionamento vivido no seminário era o que eu vivenciava dentro de casa.

Nunca nos sentimos preparados para ser pastores de almas, mesmo depois de terminada a formação. Acho que a gente só vai sentir a realidade que nos espera quando já estiver com a mão no arado, e agora cabe a oração. Desde já, me coloco em oração pelo ministério sacerdotal, esse que se inicia com o Ano da Misericórdia. Talvez Deus queira mostrar algo para nós, qual sacerdócio devemos realizar, mas acredito que a gente só vai perceber no dia a dia da vocação.”

Rogério Pereira da Silva
Paróquia de origem: São Judas Tadeu, em Bangu; Paróquia de serviço pastoral: Nossa Senhora do Bonsucesso, de Inhaúma

“Nasci em uma família protestante, mas um dia minha avó materna me convidou para ir à paróquia por conta da festa de Corpus Christi. Lembro que tinha seis anos quando fui à procissão, porém cheguei atrasado, o padre já estava entrando com o Santíssimo Sacramento na igreja, e voltei para casa com um sentimento no coração: ‘um dia você vai poder carregar isso em suas mãos’. A vida foi seguindo e eu continuei na igreja protestante até entrar no Exército. No quartel, um amigo me chamou para participar da missa em que ele ia ser crismado. Padre Roque era o vigário dominical da Paróquia Santa Margarida Maria Alacoque. Na Consagração, quando o ele estendeu o Corpo de Cristo, aquilo me tocou mais uma vez.
Durante um ano, fui à missa escondido da minha família, mas, com o passar do tempo, na festa de Corpus Christi do ano seguinte, disse que estava deixando a igreja de que eu participava e que iria assumir, a partir daquele dia, a fé católica, e assim aconteceu.

Fui acompanhado pelo padre Tiago, que havia acabado de chegar da Polônia para servir na paróquia que eu frequentava, dedicada ao apóstolo São Judas Tadeu. Padre Tiago me acompanhou, e diante dele eu colocava as questões que existiam em mim. Senti muitas dúvidas quanto a servir às Forças Armadas ou me consagrar à vida religiosa. Mas, graças a Deus, decidi entrar para o seminário.

Nesse período de formação, aproveitei tudo o que pude para poder seguir e conduzir o povo de Deus naquilo que a Igreja ensina e pede. Meu relacionamento com os seminaristas foi um relacionamento de irmãos. Me sentir preparado seria uma prepotência muito grande, mas confio em Deus, na infinita misericórdia desse Jesus que tem o coração aberto e cheio de amor por nós, que Ele há de me dar forças para conduzir esse rebanho que é dele.

Tiago Luciano de Oliveira
Paróquia de origem: Nossa Senhora da Lapa, em Senador Camará; Paróquia de serviço pastoral: Nossa Senhora do Rosário de Fátima e Santo Antônio de Lisboa, na Taquara

“Minha vocação surgiu como fruto do amadurecimento da minha caminhada de fé, porque eu não pensava em ser padre até os 17 anos. Era catequista da perseverança, coordenador de grupo jovem, e isso aumentou por conta do acompanhamento do padre de minha paróquia. Conversávamos, e ele me incentivava a ir ao seminário, a participar dos encontros vocacionais, até mesmo para discernir um chamado, o que me ajudou muito no despertar da vocação.

Só entrei para o grupo vocacional aos 19 anos, pois antes fazia faculdade de História e, durante o acompanhamento vocacional, os seminaristas que faziam pastoral em minha paróquia passaram a me incentivar também.  Tive certeza do chamado quando percebi que precisava de algo a mais na caminhada de fé. Foi através do grupo vocacional que eu tive essa certeza de querer ser padre, de entrar no seminário para poder alimentar mais o meu chamado.

O processo de deixar tudo para entrar no seminário foi tranquilo, mas também doloroso. Desde a minha juventude, pensava em fazer História, queria ser professor. Então, largar a faculdade para mim foi um pouco doloroso, mas fiquei feliz porque tinha certeza do meu chamado naquele momento. Deixar minha mãe e minha irmã em casa, já que meus pais são separados, foi um pouco difícil, mas com o tempo Deus foi sanando essa saudade. Todas essas lacunas que ficaram, Deus preencheu.  Vi a ação de dele na minha casa, na minha família. Minha mãe e minha irmã, que não costumavam frequentar a Igreja, começaram a ir e apoiaram a minha decisão, isso foi maravilhoso.

Sentir-se preparado para ser pastor de almas é uma responsabilidade muito grande, pois se olharmos com olhos humanos, não somos nada. Quão pequenos nós somos! Mas Deus nos capacita, e confia a cada um de nós essa missão de ajudar as pessoas e estar próximo do povo de Deus. Isso é o mais importante pra mim: a questão de ajudar ao próximo, levar a mensagem de Cristo aos corações que ainda não o conhecem. Mesmo com toda a tecnologia e modernidade, ainda há pessoas que não ouviram falar no nome de Cristo. E essa é a nossa missão: levar esse amor de Cristo que transforma a vida das pessoas.”


Fonte: ArqRio


Paróquia Sagrada Família

Fundada em 2012, a Pastoral da Comunicação tem como objetivo, não simplesmente, produzir e emitir informações, mas sim de formar a consciência dos fiéis na fé católica.